As dark store são armazéns orientados para o picking e que em seu interior costumam ter aparência de supermercado

As ‘dark stores’ aceleram a logística do supermercado online

04 jan 2022

As dark stores ou lojas escuras são a resposta dos comércios online (normalmente supermercados) às novas tendências de consumo. Nesse sentido, os e-commerce desenvolveram um novo modelo de armazém: as dark stores, instalações orientadas para a preparação de pedidos mas com aparência de loja física, que substituem clientes por operadores.

A consultora especializada em retalho alimentar IGD revela num estudo a ascensão do e-grocery entre 2018 e 2023. O setor crescerá durante esse período a uma taxa de 20,4% por ano, alcançando um valor total de negócio de quase 375.000 milhões de dólares nos dez países onde os supermercados online têm uma maior cota de mercado. Nesse ranking, liderado pela China e seguido pelos Estados Unidos, situam-se quatro países europeus: Reino Unido, França, Alemanha e Espanha.

O que são as ‘dark stores’ e como surgem?

As dark stores, também denominadas lojas escuras, são centros de distribuição e de preparação de pedidos para comércio eletrónico, especialmente orientados para o setor e-grocery. Esses armazéns estão localizados geralmente ao redor dos grandes núcleos urbanos, visando dar uma melhor resposta logística ao e-commerce. Portanto, a principal característica desses estabelecimentos é sua aparência de supermercado convencional, estruturados inclusive em corredores, mas com operadores em vez de clientes.

Embora a maior parte dos supermercados ainda prepare as compras online na própria loja, o padrão de entrega em 24 horas e as novas tendências de consumo, cada vez mais focadas na Web, obrigaram as empresas do setor a se reinventarem para fornecer um serviço ágil e eficiente. Embora fosse uma tendência que surgiu totalmente ligada ao e-grocery, tem-se estendido a outras áres de retalho.

Mas, como operam as dark stores? Depois de receber os pedidos, as ordens de compra são enviadas para os operadores da empresa (conhecidos como personal shoppers ou pickers) que se encarregam de percorrer o supermercado com um tablet e um carro de picking.

O armazém é dirigido por um sistema de gestão de armazém (SGA) que gera automaticamente as rotas dos operadores para que os seus percursos sejam o mais eficiente possível.

Para esclarecer, é necessário definir a diferença entre dark store e dark warehouse, termos que costumam ser confundidos. Um armazém escuro ou dark warehouse refere-se a uma instalação sem iluminação (e, portanto, sem operadores) que funciona de forma automatizada. Trata-se de uma solução habitual em armazéns que exigem condições ambientais especiais.

Quais são as vantagens das ‘dark stores’?

É um sistema que traz vantagens significativas para os supermercados:

  • Gestão eficaz da última milha logística: estes armazéns são uma resposta eficaz à gestão da última milha, a fase mais custosa da logística 4.0, pois facilitam a entrega de produtos a partir de um centro de distribuição localizado perto do cliente final.
  • Operações de picking mais eficientes: os operadores são guiados através das instruções de um software de gestão de armazém que evita que haja erros no processo de preparação de pedidos. Além disso, a fase de picking é otimizada porque esses estabelecimentos costumam incluir inúmeros elementos automáticos nas suas operações, tais como sistemas de picking pick-to-light.
  • Operações 24/7: embora tenham aparência de loja ou supermercado, esses armazéns não seguem um horário comercial, o que lhes permite ter vários turnos para melhorar a produtividade do armazém.
Empresas como o Carrefour, Amazon ou Mercadona já optaram por essa tendência logística
Empresas como o Carrefour, Amazon ou Mercadona já optaram por essa tendência logística

Consequentemente, o serviço oferece uma qualidade superior que se traduz numa maior satisfação do cliente final.

Do Carrefour à Mercadona: a aposta nas ‘dark stores’

Nos últimos anos, as dark stores espalharam-se pelo continente europeu e pelos Estados Unidos. Dessa forma, operadores como o Carrefour, a Amazon ou, mais recentemente, a rede de supermercados Mercadona (em Espanha) já optaram por esses estabelecimentos.

Por exemplo, os supermercados Mercadona confiaram à Mecalux um investimento de mais de 12 milhões de euros em 2018 para a criação de uma dark store como centro de preparação e distribuição de pedidos online. O armazém ocupa mais de 13.000 m² e conta com mais de 300 módulos de estantes para picking onde são armazenadas todas as gamas de produtos comercializados pelo supermercado: secos, refrigerados e congelados. De acordo com os cálculos da própria empresa, essa loja escura consegue multiplicar por quatro a produtividade e eficiência em comparação com o sistema de preparação de pedidos anterior.

Algumas empresas de alimentação também se aliaram com outras especializadas em e-commerce em mercados onde tinham uma rede logística menor. É o caso do Carrefour, que se apoiou na start-up colombiana de entregas a domicílio Rappi para abrir lojas escuras no Brasil.

A resposta à estratégia omnichannel

O crescimento do negócio dos supermercados online em todo o mundo é inquestionável. Portanto, as novas tendências de consumo obrigam as empresas, especialmente do setor retalhista, a inovar para continuar sendo competitivas.

Diante do desafio da estratégia omnichannel, as dark stores consolidaram-se como uma das melhores soluções no setor de e-commerce para otimizar a preparação de pedidos e gerir eficazmente a última milha logística, uma das fases mais complexas da cadeia de abastecimento.

Esse modelo, que já está a ser exportado para outros setores para além do e-grocery, permite dar uma resposta eficiente ao aumento de pedidos online que experimentam as empresas.

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