O risco de interrupção na cadeia de abastecimento

Os riscos na cadeia de abastecimento podem ser originados por fatores externos, tal como um conflito político ou uma catástrofe natural. Não é por acaso que o supply chain não é alheio ao contexto social, político e económico que o rodeia.

Neste artigo analisamos o papel da logística em situações de emergência e desvendamos os fatores-chave para projetar e implantar um plano de ação que ajude a prevenir os efeitos colaterais desses desastres e como agir caso ocorram.

Interrupção na cadeia de abastecimento

A cadeia de abastecimento engloba todas as fases, ou seja, desde que o cliente faz o pedido de um produto até à sua entrega e cobrança, abrangendo fases como o abastecimento de mercadorias para a sua fabricação ou o controlo de qualidade. Qualquer variação ao longo desse processo pode causar ineficiências ou, em último caso, não cumprir o objetivo do supply chain: que a mercadoria chegue ao cliente final com a qualidade exigida e no prazo e lugar estabelecidos.

A interrupção na cadeia de abastecimento implica a alteração em qualquer fase do supply chain em virtude de agentes externos ao produto: clima, alterações na legislação ou ciberataques, entre outros.

Podemos classificar as diferentes interrupções de acordo com a sua origem:

• Naturais: trata-se de catástrofes relacionadas à natureza, tais como terremotos, tsunamis ou erupções vulcânicas.
• Biológicas: são originadas a partir de epidemias ou pandemias, como é o caso do coronavírus ou do ébola. Devido à globalização e internacionalização de um número cada vez maior de empresas, uma boa política de prevenção na cadeia de abastecimento será crucial para evitar a sua propagação.
• Políticas: são originadas de decisões governamentais ou de instituições supranacionais que influenciam diretamente o bom funcionamento da cadeia de abastecimento. Esse é o caso da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China ou a crise do petróleo de 1973.
• Tecnológicas: a partir de erros ou um uso mal-intencionado de certas tecnologias (quedas globais de servidores, fugas de dados, ciberataques, etc.).

Como prevenir os riscos na cadeia de abastecimento

Embora haja interrupções inesperadas que podem alterar a atividade industrial, a prevenção é essencial para evitar ou atenuar os efeitos dessas alterações.

Com esse objetivo, as organizações devem analisar cada fase da cadeia de abastecimento de um produto e identificar os possíveis riscos relacionados ao seu funcionamento: excessiva dependência de um fornecedor, margem de manobra limitada diante de eventuais erros na gestão da última milha ou uma exagerada sazonalidade de um produto, entre outros.

Qual a solução? Além de conhecer o produto e determinar as possíveis ameaças, atualmente existem ferramentas para monitorizar e analisar o desempenho de todas as partes que compõem a cadeia de abastecimento, sendo necessário aplicar projetos de melhoria contínua para aumentar a produtividade das suas operações.

Seguindo essa lógica, o Easy WMS, o Sistema de Gestão de Armazém da Mecalux, inclui um módulo adicional de gestão das informações, o Supply Chain Analytics que permite:

• Visualizar integralmente as informações do negócio.
• Criar alertas automáticos para corrigir ineficiências. (excessiva dependência de um único fornecedor, mau desempenho em algum dos sistemas automatizados…)
• Ter um painel de produtividade para verificar de forma mais profunda o funcionamento das diferentes operações.
• Identificar tendências e futuras ineficiências a partir dos dados recolhidos.

Como gerir uma interrupção: plano de ação logístico

Como parte do processo de prevenção de uma interrupção, qualquer empresa deve, a partir de uma análise das ameaças presentes na sua cadeia de abastecimento, desenvolver um plano de ação para atenuar ou anular os efeitos de uma eventual catástrofe nas suas instalações.

Portanto, qualquer plano de ação deve seguir as seguintes diretrizes:

• Analisar as causas e consequências que a interrupção provoca na produção, no armazenamento ou no transporte da mercadoria até chegar ao cliente final.
• Priorizar de acordo com a importância visando garantir a segurança do pessoal e daqueles que possam estar expostos aos efeitos da catástrofe. Uma vez verificado esse aspeto, é necessário garantir o material armazenado, as matérias-primas e a instalação.
• Ouvir todos os participantes do supply chain: um plano de ação não se deve limitar às informações inerentes à atividade da empresa, pois também deve integrar as de outros participantes da cadeia de abastecimento. Afinal, essa é a única forma de garantir a correta rastreabilidade do produto.
• Colaborar com agentes externos: sejam outras empresas logísticas, como os 3PL, possuem maior conhecimento desse tipo de situação, seja com outros elos do supply chain ou com as autoridades competentes.

Uma vez descritas as diretrizes que qualquer plano de ação deve conter para ser eficaz diante dos riscos da cadeia de abastecimento, é necessário preparar a sua execução. A consultora PwC destaca as seguintes fases: preparar, a planificação que acabamos de ver, que consiste em avaliar as principais ameaças e como atenuar os seus efeitos, responder executar as linhas de atuação estabelecidas para reduzir o impacto na produtividade da empresa e, finalmente, recuperar e recolher as informações no que se refere ao impacto exercido pela interrupção para dessa forma interpretar como funcionou o plano e os aspetos que são necessários melhorar caso volte a ocorrer.

Exemplos de gestão de riscos diante de catástrofes

Qualquer empresa especializada em projetar e construir infraestruturas deve considerar, além dos materiais e do terreno destinado à construção, as condições climáticas, além do risco sísmico ou a presença de vulcões na região, entre outros aspetos.

Portanto, quando a Mecalux elabora projetos de armazéns autoportantes, em que as estantes formam a própria estrutura, suportando o peso do conjunto, os engenheiros da empresa também avaliam o impacto de todas as variáveis externas: força do vento, sobrecarga por neve, tipo de terreno, etc.

A seguir, apresentamos alguns dos nossos projetos em que a gestão de riscos desempenhou um papel crucial:

Iron Mountain

Cinco meses antes do devastador terremoto de 8,8 na escala Richter que arrasou o Chile em 2010, a empresa de registo documental Iron Mountain tinha contratado a Mecalux para construir um dos seus vários armazéns no país sul-americano. Após o abalo sísmico, a empresa perdeu sete das suas instalações, mas a da Mecalux resistiu.

Em virtude disso, a Iron Mountain solicitou à Mecalux a construção de mais dois armazéns e a reparação dos armazéns que tinham sido destruídos pelo terremoto.

Hayat

O grupo Hayat Kimya, uma referência no mercado euroasiático em comercialização de produtos de higiene e limpeza, precisava de um armazém automático na parte ocidental da Turquia, uma das áreas com o maior risco sísmico da Europa.

A Mecalux construiu para a Hayat Kimya um armazém autoportante de mais de 46 metros de altura utilizando cerca de 10.000 toneladas de aço, com o objetivo de garantir a segurança da instalação e cumprir os requisitos do regulamento do país relativo às construções destinadas ao armazenamento.

Análise e prevenção diante de uma eventual interrupção

Embora existam catástrofes imprevisíveis e que podem quebrar qualquer elo da cadeia de abastecimento, geralmente as diferentes ameaças existentes no setor logístico costumam ser previsíveis: seja por área geográfica, seja por setor industrial ou por sazonalidade.

O uso de um software, como o Sistema de Gestão de Armazém, permite conhecer melhor a nossa logística graças à compilação de uma infinidade de dados que nos permite identificar com precisão os pontos vulneráveis e preparar um plano sob medida para nos proteger diante de qualquer tipo de risco em nosso supply chain. A melhor forma de evitar quebrar a cadeia de abastecimento é optar pela transformação digital.

A Mecalux conta com uma equipa de especialistas altamente capacitada para lhe oferecer uma solução de armazenagem adequada visando evitar futuras interrupções na sua empresa, o que vai permitir evitar excesso de custos e multiplicar a produtividade no seu armazém.