Modelo de Wilson: fator-chave para a gestão ideal do stock
Para evitar problemas no inventário, o modelo de Wilson ou EOQ ou LEC (Economic Order Quantity – Quantidade económica de pedido, na sua tradução em português) é um método matemático para calcular a frequência e a quantidade necessária para fazer um pedido ao fornecedor, garantindo, dessa forma, a gestão ideal do stock.
Apesar de ser um modelo normalmente associado à aquisição de matérias-primas e à gestão ideal do stock, na realidade a metodologia de Wilson é aplicável a qualquer tipo de mercadoria.
Fórmula do Modelo de Wilson
Essa metodologia foi originalmente proposta em 1913 pelo engenheiro norte-americano Ford Whitman Harris, mas só foi desenvolvida com sucesso em 1934 pelo consultor R. H. Wilson. Mas, como é calculada?
Podemos determinar o tamanho ideal de pedido a partir da procura de um produto, do custo de fazer um pedido e dos gastos de armazenagem. A fórmula matemática é a seguinte:
- Q = quantidade ideal de pedido
- D = procura anual da matéria-prima em questão
- K = custo de realizar cada pedido
- G = custo de armazenagem de uma unidade no armazém num determinado período de tempo
Por exemplo, se o custo da matéria-prima variar em função da sazonalidade, essa fórmula matemática passa a ser ineficaz uma vez que ignora essa variável.
Consequentemente, esse método só é aconselhável para certas empresas em que procura e custos não sofrem variações significativas ao longo do ano.
Aplicações e limitações
Esse modelo matemático tem como objetivo otimizar o volume de compra de qualquer produto necessário, especificando quando é preciso fazer um pedido a um fornecedor e a quantidade.
Com esse dado, também podemos determinar o ponto de pedido (quando fazer cada pedido), considerando o lead time e o stock de segurança. No entanto, o método de Wilson oferece certas restrições. Essa solução matemática só é aplicável às empresas que satisfaçam as duas premissas seguintes:
- A empresa possui uma procura constante de matéria-prima durante todo o ano
- O produto que será comprado mantém um custo fixo atemporal, sem grandes flutuações no seu preço ao longo do ano.
Vantagens do método
Para as empresas que satisfaçam ambas as condições, esse método matemático garante a otimização da gestão do stock. De fato, essa solução oferece as seguintes vantagens:
- Minimiza os custos de aquisição e armazenagem.
- Evita os excessos de stock, mas garantindo que haverá stock suficiente para satisfazer a procura a qualquer momento.
- Permite saber a quantidade correta a ser comprada em cada pedido.
- Evita quebras de stock.
Exercício prático do modelo de Wilson
A empresa imaginária Orch Kork dedica-se à fabricação e distribuição de rolhas de cortiça destinadas às empresas vitivinícolas da região. Para satisfazer a sua produção anual de 10.000 unidades, a empresa compra ao longo do ano 1.000 kg de casca de sobreiro.
Se cada pedido tem um custo de 200€, incluindo as despesas de transporte, e o custo de armazenagem do produto não supera o valor de 2.000€ anuais, qual é o tamanho ideal de pedido?
Nesse caso, Q (a quantidade ideal de pedido) seria resolvido a partir da raiz quadrada da seguinte fórmula (2*200*1000/2000), cujo resultado é 14,14.
A Orch Kork deve realizar pedidos anuais de 14 kg para ter a quantidade ideal de quilos de casca de sobreiro destinada à produção de cortiça, evitando, portanto, armazenar matéria-prima em excesso e uma possível quebra de stock. Dessa forma, a empresa deve fazer 71 pedidos anuais de 14 kg para se abastecer de 1.000 kg de casca de sobreiro.
EOQ ou LEC: minimizar custos de stock quando não existe sazonalidade
Em suma, graças à aplicação do Modelo de Wilson na gestão do seu stock, a empresa conseguiria otimizar a aquisição de pedidos minimizando os custos totais de armazenagem e compra. No entanto, é preciso assumir que esse modelo só é aplicável quando a procura e os preços forem constantes ao longo do ano. Para situações mais complexas, o modelo é inútil e, nesse caso, devemos apoiar-nos num sistema de gestão de armazém.