Tempo para a logística urbana
A logística urbana chegou para ficar. O progressivo êxodo rural que a sociedade sofreu no último século consolidou o peso das cidades como principais núcleos de população. Um estudo do Banco Mundial indica que atualmente 55% da população mundial ― 4,2 bilhões ― mora na cidade. E a tendência está em crescimento: para 2050 espera-se que sejam 7 de cada 10 pessoas.
Num contexto onde 80% do produto interno bruto é gerado nas cidades, a logística urbana ganhou protagonismo: as empresas foram-se aproximando gradualmente das principais cidades para poder fazer entregas mais rápidas.
Neste artigo analisamos o crescimento da logística urbana, suas principais dificuldades e o que é necessário considerar para ser eficaz diante desse contexto.
O que é a logística urbana?
A logística urbana engloba todos os movimentos relacionados ao fornecimento e à distribuição de bens nas cidades para garantir as atividades comerciais e o desenvolvimento económico do núcleo urbano. Dito de outra forma, abrange o conjunto de ações e processos que levam ao abastecimento e venda de produtos B2B e B2C dentro das cidades.
Com o surgimento do comércio eletrónico, os estabelecimentos comerciais deixaram de monopolizar a distribuição urbana que abastece negócios e indivíduos. Agora, os clientes também compram os seus produtos pela internet. A estratégia omnichannel reformulou a logística e-commerce: atualmente o consumidor pode receber o seu pedido na sua casa em menos de 24 horas, num armário inteligente, recolhê-lo numa loja, etc.
A partir dessa realidade nasce o conceito da última milha logística, ou seja, a gestão da reta final do envio para o cliente, que costuma ser a entrega em áreas urbanas. Essa etapa é considerada a mais cara e ineficaz de toda a cadeia de abastecimento devido aos custos associados ao transporte personalizado.
Diante desse contexto, os operadores logísticos devem buscar a eficiência e a sustentabilidade para satisfazer os consumidores, que estão cada vez mais acostumados a receber os seus pedidos com maior rapidez, sem falhas e com um custo de devolução zero. Um estudo realizado pela consultora Deloitte destaca que mais de 70% dos usuários entrevistados repetem a compra se os procedimentos de entrega tiverem sido satisfatórios.
Dificuldades para a logística urbana
O planeamento da logística urbana deve dar prioridade a conceitos como a habitabilidade e a sustentabilidade nas cidades. O que significa isso? Que as cidades devem facilitar o aprovisionamento de mercadoria preservando, simultaneamente, o bem-estar dos seus habitantes.
Por isso, os operadores logísticos e as empresas que fazem entregas diretamente nas cidades estão diante de uma série de dificuldades que devem ser resolvidas para conseguir uma última milha bem-sucedida:
- Restrição da mobilidade: o aumento do tráfego nas cidades e as graduais restrições para grandes camiões fizeram com que cada vez seja mais difícil ter acesso aos centros urbanos. Isso afeta especialmente os supermercados e grandes comércios, que são obrigados a estabelecer hubs logísticos ou centros de micro-fulfillment dentro das cidades para poder preservar o abastecimento de produtos nos seus estabelecimentos.
- Novas exigências dos clientes: o comércio omnichannel aumentou o poder do cliente final, que atualmente exige uma entrega super-rápida e no lugar escolhido por ele, seja num armário inteligente, no seu local de trabalho ou na sua residência. Quase a totalidade das empresas, sobretudo no mundo e-commerce B2C, também oferecem a opção de devolução gratuita caso ocorra algum erro no pedido ou o cliente se sinta insatisfeito. Isso faz com que os armazéns tenham que reduzir ao máximo o custo unitário da preparação de pedidos para poder assumir a gestão das devoluções.
- Infinidade de unidades de carga: a consolidação do e-commerce quebrou o monopólio da palete como unidade de carga preferencial num armazém. Atualmente, os centros logísticos são obrigados a gerir uma infinidade de unidades de carga, por isso é necessário disponibilizar diferentes áreas de trabalho e instalar sistemas de armazenagem para caixas, bandejas, paletes, etc.
- Sustentabilidade ambiental: a logística urbana deve garantir rapidez nos envios, mas também sustentabilidade. Num contexto onde cada vez mais gente se preocupa com o meio ambiente, a logística urbana não deve só ser eficiente, mas também logística verde. Como? Incluindo pouco a pouco, por exemplo, meios de transporte elétricos, híbridos ou de gás natural liquefeito (GNL).
Para resolver tais dificuldades, as empresas optaram por situar os seus armazéns perto dos núcleos urbanos: estabelecem-se perto das grandes cidades, nos principais pontos de ligação rodoviária, barateando os seus envios e permitindo gerir as complexidades da logística urbana, tal como a logística reversa. No entanto, o êxodo para as cidades envolve um aumento significativo no preço do solo para imóveis logísticos.
Como obter uma logística urbana eficaz e sustentável?
A última milha representa mais de 50% de todos os custos de envio. Esse dado é ainda maior em negócios B2C, quando o cliente pede muitos pedidos de poucas unidades, o que dificulta o transporte de mercadoria.
De fato, é preciso considerar que a última milha logística além de englobar o preço do transporte, combustível, veículo e transportadora, também inclui o custo de armazenagem, o trabalho dos operadores que prepararam e consolidaram o pedido e a implementação de um software para garantir o envio sem erros (como o Software para gestão da expedição logística da Mecalux).
Isso significa que a estratégia de logística urbana deve contemplar as ações que ocorrem dentro e fora do armazém para conseguir uma última milha logística sustentável e eficaz. As principais tendências são:
- Aproximação da logística aos principais nós de comunicação: as empresas optam por situar os seus centros logísticos e de distribuição perto das grandes cidades para oferecer entregas rápidas e eficazes. Algumas empresas dispõem de centros de gestão de logística reversa para garantir a devolução no menor prazo possível.
- Criação de centros de consolidação de cargas (UCC): este tipo de centro logístico otimiza a distribuição de produtos nas grandes cidades. Nos centros de consolidação de cargas converge mercadoria de um ou vários fornecedores para distribuir os envios de acordo com a rota da transportadora, o cliente final, etc.
- Coordenação com os principais operadores logísticos: a última milha não só depende do que ocorre no armazém, mas também do operador logístico especializado em entregas urbanas. Um programa como o Software para gestão da expedição logística da Mecalux garante a sincronização entre o Sistema de Gestão de Armazém do cliente e o programa informático do operador.
- Digitalização da logística do armazém: num contexto onde os armazéns urbanos são cada vez menores e se exige uma maior rapidez nas entregas, as empresas devem reduzir o inventário disponível em busca de uma maior eficiência em operações como o dropshipping ou o cross-docking. A implementação de um Sistema de Gestão de Armazém como o Easy WMS facilita essas operações, além de permitir adaptar a empresa à estratégia omnichannel.
Exemplos de gestão de logística urbana no armazém
O elevado custo que a última milha logística obriga as empresas a reduzirem erros em toda a operação logística, particularmente na entrega ao cliente. Esse é o caso, por exemplo, da Rent a Book, uma empresa de e-commerce belga que confiou na Mecalux para digitalizar o processo de entrega ao cliente final: “Desde que temos o WMS da Mecalux, recebemos menos devoluções em relação a outros anos”, indica Grégory Bastieans, gerente de projetos da empresa.
A Rent a Book oferece um serviço de entrega a domicílio personalizado aos clientes, permitindo que o consumidor escolha como deve ser entregue o pedido (num ponto de recolha ou no seu domicílio, numa hora exata, etc.). A Rent a Book também envia um e-mail ao cliente quando o produto já está no ponto de recolha. Se não for recolhido em 48 horas, a empresa volta a enviar-lhe um lembrete por e-mail.
Com o objetivo de otimizar a logística urbana, a e-commerce francesa Espace des Marques também implementou o Software para gestão da expedição logística da Mecalux. Esse módulo sincroniza o WMS com o software das diferentes agências de transporte, o que permitiu que a Espace des Marques agilize a expedição de pedidos, dê prioridade aos envios mais urgentes e evite erros. “As transportadoras da Colissimo recolhem os pedidos duas vezes por dia: às 07h30 às 15h30. Os pedidos comprados à tarde e à noite são os primeiros que saem na distribuição da manhã. Também damos prioridade aos pedidos que chegam da Amazon e dos clientes Premium de nosso site com entregas de Chronopost em 24 horas”, indica Vincent Beaufreton, responsável pelo desenvolvimento da empresa.
O caminho para uma logística urbana eficiente
A última milha consolidou-se como um dos grandes desafios logísticos, especialmente após o auge do e-commerce provocado pela pandemia do coronavírus. Atualmente, os clientes, especialmente do setor B2C, exigem entregas em 24 horas, no local escolhido e, cada vez mais, devoluções a custo zero.
Isso representa um grande desafio para as empresas de e-commerce, que devem destinar parte dos seus esforços para minimizar os custos da logística reversa.
A Mecalux acompanhou centenas de clientes durante a sua adaptação ao mundo omnichannel, com soluções de intralogística como o Software para gestão da expedição logística, o SGA para e-commerce ou o Integração com Marketplaces. Além disso, temos uma vasta gama de sistemas de armazenagem convencionais e automáticos para otimizar as operações no seu armazém. Não hesite em entrar em contato connosco, um consultor especializado encontrará a melhor solução para as suas necessidades